Sua empresa está preparada para a diversidade da Geração Z?

Muitas discussões sobre a Geração Z tem trazido à tona as mesmas características: Que eles são nativos digitais, conectados, inquietos, que não querem assumir cargo de liderança, etc. Mas será que essas definições capturam a realidade de todos os jovens dessa geração? Quando observamos mais de perto, percebemos que a Gen Z é muito mais complexa do que aparenta. Existem várias camadas de diversidade que influenciam diretamente a maneira como esses jovens acessam educação e oportunidades de emprego, e ignorar essas diferenças pode gerar uma visão distorcida de quem são e do que precisam e o que desejam.

Para começar, é impossível falar da Geração Z no Brasil sem considerar as questões de raça e classe social. Jovens negros e de baixa renda enfrentam desafios que vão muito além do simples fato de serem parte de uma geração tecnológica. Segundo o IBGE, 71,7% dos jovens desempregados em 2021 eram negros ou pardos, mostrando que o racismo estrutural e a desigualdade econômica ainda desempenham um papel central na vida desses jovens. E quando falamos de jovens das regiões Norte e Nordeste, a falta de infraestrutura escolar e oportunidades limitadas criam barreiras ainda maiores.

Além disso, gênero e orientação sexual também são fatores de grande impacto na trajetória desses jovens. Mulheres, especialmente negras e LGBTQIAPN+, enfrentam preconceitos invisíveis que dificultam o acesso a empregos e o crescimento dentro das empresas. Dados da ABGLT mostram que 35% dos jovens LGBTQIAPN+ relatam ter sofrido preconceito durante processos seletivos. Isso significa que, além das barreiras já existentes no mercado de trabalho, muitos desses jovens precisam superar camadas adicionais de discriminação para alcançar uma vaga.

Outro ponto importante é a acessibilidade para jovens com deficiência. No Brasil, a inclusão ainda está longe de ser uma realidade plena. Apenas 7% das pessoas com deficiência têm acesso ao ensino superior, segundo a PNAD. Isso mostra uma falha educacional, e que o mercado de trabalho ainda não está preparado para integrar adequadamente esses talentos. Com isso, as empresas acabam perdendo a chance de se beneficiar da criatividade e das habilidades que esses jovens poderiam trazer.

E não podemos esquecer dos jovens imigrantes e refugiados, que enfrentam barreiras linguísticas e culturais em sua busca por educação e emprego. Esses jovens, que muitas vezes fogem de contextos de violência e perseguição, encontram aqui no Brasil um cenário igualmente desafiador, com poucas políticas públicas voltadas para sua inserção no mercado de trabalho.

Diante de tantas nuances, podemos realmente afirmar que todos os jovens da Geração Z são iguais? Ao analisarmos os estereótipos que muitas pesquisas propagam — como o fato de serem “nativos digitais” — ignoramos as enormes disparidades de acesso à tecnologia e às oportunidades. Nem todos os jovens dessa geração têm o privilégio de crescer com internet de qualidade ou de ter um dispositivo próprio para estudar e trabalhar. Essas generalizações não refletem a realidade de muitos que ainda lutam por espaço e reconhecimento.

Ao abrir suas portas para os jovens da Geração Z, as empresas precisam estar preparadas para lidar com essa diversidade interna. Um ambiente inclusivo e acolhedor, que reconhece e valoriza as múltiplas identidades e experiências dessa geração, é uma estratégia para fomentar inovação e resolver conflitos geracionais de forma eficaz. Afinal, cada jovem da Gen Z têm uma história, moldada por interseccionalidades que não podem ser ignoradas.

Em vez de tratar a Geração Z como um grupo homogêneo, é necessário entender suas particularidades. As políticas de inclusão devem ir além dos discursos e se transformar em práticas reais no ambiente de trabalho, só assim poderemos extrair o verdadeiro potencial dessa geração.

A pergunta que fica é: sua empresa está preparada para acolher e desenvolver a diversidade da Geração Z?

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